Não está fácil a vida de José Mourinho em Madrid. Depois do episódio do avançado, que culminou com a vinda de Adebayor, por empréstimo do Manchester City, para a equipa do técnico português, agora são os avanços (poucos) e recuos (muitos) nas negociações para a renovação de contrato com o internacional português Pepe.
Se juntarmos a isso tudo os
desentendimentos nos treinos entre jogadores, são muitos os problemas que José Mourinho enfrenta no principal clube da capital espanhola.
As pessoas ligadas ao Real Madrid gostam de lembrar, frequentemente, que o clube nove vezes campeão do Europa é o maior clube do mundo. É verdade que os títulos contam muito no desporto e no futebol em particular, é também verdade que o Real Madrid é um dos maiores clubes do mundo,no entanto, não deixa de ser verdade que a grandeza de um clube se vê, também ela, na sua organização. Muitos dos principais dirigentes do Real, bem como alguns jogadores não parecem ter entendido, ainda, a real grandeza do clube. São inúmeras as vezes em que o clube
merengue mais parece uma verdadeira feira de vaidades.
Os egos são grandes, e muitos senhores ligados ao Real Madrid continuam a insistir em querer pôr os seus interesses pessoais a frente dos do seu clube. Jorge Valdano está mais preocupado em mostrar o seu poder de que a trabalhar em prol do clube que lhe paga (a peso de ouro) as contas no fim do mês. Só assim se entende o braço-de-ferro com José Mourinho para a vinda de um avançado. Será que Valdano era o único que não via que José Mourinho só tinha um avançado disponível (Benzema, já que Higuaín estará lesionado o resto da época) para atacar todas as competições em que o Real Madrid se encontra? Não se percebe tal situação, principalmente
quando em Inglaterra se dá tanto dinheiro por jogadores de um dia para outro. E falta de dinheiro não pode ser, de certeza, o problema, já que o Real Madrid acabou
de ser considerado o clube mais rico do mundo. Alguns jogadores, também eles, parecem ainda não ter entendido que o clube é muito superior aos seus egos, ou aos tiques de vedetas que possam ter.
Com tudo isso, o único que parece querer fazer do Real Madrid um clube sério, no aspecto organizativo, é José Mourinho. Não se afigura fácil a tarefa do treinador português. O Real Madrid, no conjunto dos seus dirigentes, deveria olhar profundamente para o seu rival Barcelona, pois o sucesso da equipa catalã não se resume a ter jogadores e treinadores fantásticos, mas sim na sua organização e na cultura de equipa que apresenta. O Real Madrid é grande, mas enquanto a sua organização interna for inferior a clubes como o FC Porto ( um exemplo de organização dentro e fora de portas), o clube não poderá ter ilusões de dar o salto para vir a ser um clube enorme nas mais variadas vertentes. Por muito que isso custe a alguns, o Real Madrid merece ser levado a sério, para que tal se venha a verificar seria bom deixarem o Mourinho trabalhar!